12.3.08

O acordeonista

Quem sabe dizer de cor
a cor do acordeão?
O acordeonista cego
não

Mas sabe de cor o som
das notas de solidão
que lhe desfilam
na mão

As notas sem cor
diáfanas, naturais
que se ouvem além do torpor
dos sentidos que temos
a mais

Além dos olhos
dissonantes
que perdem por distracção
a harmonia
dos instantes

Além das mãos subornadas
Dos perfumes de traição
Das bocas empanturradas
de razão

Mas o velho acordeonista
pintor de improvisação
vê o cortejo do mundo
pelos olhos do acordeão

Cego na luz
E lúcido
na escuridão

2 Comentários:

Às 13 de março de 2008 às 19:21 , Anonymous Anónimo disse...

Cada vez mais tua fã...

Beijos

 
Às 14 de março de 2008 às 23:06 , Blogger Helder Ribeiro disse...

Há quem diga que maior cego é aquele que não quer ver...bom trabalho mais uma vez...abraço

 

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