O acordeonista
Quem sabe dizer de cor
a cor do acordeão?
O acordeonista cego
não
Mas sabe de cor o som
das notas de solidão
que lhe desfilam
na mão
As notas sem cor
diáfanas, naturais
que se ouvem além do torpor
dos sentidos que temos
a mais
Além dos olhos
dissonantes
que perdem por distracção
a harmonia
dos instantes
Além das mãos subornadas
Dos perfumes de traição
Das bocas empanturradas
de razão
Mas o velho acordeonista
pintor de improvisação
vê o cortejo do mundo
pelos olhos do acordeão
Cego na luz
E lúcido
na escuridão
2 Comentários:
Cada vez mais tua fã...
Beijos
Há quem diga que maior cego é aquele que não quer ver...bom trabalho mais uma vez...abraço
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