3.3.08

Seco

Estou seco
Vazio
como um saco
Duro
como um soco
Fundo
como um sulco

Nem promessa de chuva
Nem gota de água

Neste deserto de dor
Já nada me morre
Já nada me sinto
Sou rude e áspero
como um travo de absinto

Sou a fatal bala silente
no peito condecorado
e fumegante
do presidente

Sou o derradeiro punhado de terra
atirado sobre um caixão
onde as flores e as lágrimas
secarão.

Sou o velho corvo da aldeia
de feridas fendidas no rosto
voando sobre a inculta seara
que um pequeno vidro incendeia
sob o sol agreste de Agosto

Sou o rio seco
e o alto muro
e o fosso escuro
de um castelo altivo.
Sou soco e duro.
Estou seco
e vivo.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial