Súplica
Não partas ainda
Não beijes as pálpebras
das lânguidas ondas
que roubaram a praia
onde o nosso amor amanheceu
Não caminhes ainda
pelos sombrios trilhos do silêncio
onde há sentidos suspensos
nas árvores de espadas
Não devolvas ao céu
a cor dos teus olhos
e fala-me de novo ao ouvido
da velha dor das estrelas
Não me largues os lábios
a secarem-me na boca
e vem afogar-te comigo
no rio do tempo
Não partas ainda
Prolonga o gesto inútil
como um operário da alma
Destapa só mais uma vez
o níveo ombro da esperança
e deixa morrerem-me os dedos
a dobar os teus cabelos