18.3.10

Súplica

Não partas ainda

Não beijes as pálpebras
das lânguidas ondas
que roubaram a praia
onde o nosso amor amanheceu

Não caminhes ainda
pelos sombrios trilhos do silêncio
onde há sentidos suspensos
nas árvores de espadas

Não devolvas ao céu
a cor dos teus olhos
e fala-me de novo ao ouvido
da velha dor das estrelas

Não me largues os lábios
a secarem-me na boca
e vem afogar-te comigo
no rio do tempo

Não partas ainda
Prolonga o gesto inútil
como um operário da alma

Destapa só mais uma vez
o níveo ombro da esperança
e deixa morrerem-me os dedos
a dobar os teus cabelos

2 Comentários:

Às 28 de abril de 2010 às 01:09 , Blogger filipelamas disse...

Pior do que partir cedo demais, é concluirmos que ela nunca esteve verdadeiramente...
Parabéns ao Poeta!

 
Às 6 de dezembro de 2011 às 23:08 , Blogger Manuel Bruschy Martins disse...

Que excelente poema! Muitos parabéns!

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial