12.6.08

Falo

Falo
língua com que te calo
quando te mordo na boca
e minto
quase aquilo que sinto

Se me sento e escrevo
a mentira é mais elegante
O poeta está sempre distante
do seu caderno concreto

Se quero ser mais discreto
por vezes só sorrio
ante a inefável beleza de um fogo posto
E ardo, ardo fatuamente
no longínquo frio
das simétricas chamas do teu rosto

Falo
e a minha voz bate-te
como um seco estalo
Os símios sons saltam
como pedras pontiagudas e pretas
de um vulcão a suster a erupção

A minha alma tem pressa
e todo o meu corpo é preguiça

Quando choras a mentira rende-se
submissa
tu ris e a poesia cora
embaraçada
Mas eu...
Eu falo, eu escrevo, eu grito
Nada

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial