Soneto da Noite Escura
Com um verso de António Gedeão
Quando os olhos se afastam do futuro,
unem-se as mãos para suster o pranto
e ouço, sibilantes, surgir no escuro
o medo, a solidão, a dor, o espanto.
A noite ergue no quarto um alto muro
e encurrala-me na treva, a um canto.
Assustado, dentro de mim procuro
um sonho que me sirva de acalanto.
Mas do abismo se avistará a amplidão,
far-se-ão asas do medo, para voar,
e da noite sairá a face erguida,
Pois no seio da treva e da escuridão,
eu sinto ainda mais forte a palpitar
"essa coisa inevitável que é a vida".
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial